quarta-feira, 29 de junho de 2011

UM POUCO DE PSICOLOGIA SOBRE A EDUCAÇÃO DOS FILHOS


EDUCAÇÃO MODERNA  I

“Eduquem-se as crianças e não será preciso
“Castigar os homens” (Pitágoras)


Ai de nós, pobres mortais, carentes de informação e orientação para enfrentar nossos problemas existenciais, e que de repente nos vemos na contingência de educar nossos filhos! Agora, então, com essa tal de “educação moderna”, a coisa ficou ainda mais complicada. A educação moderna virou de pernas para o ar a relação pais-filhos. Hoje os filhos têm mais abertura com os pais em assuntos que eram considerados tabus, mesmo depois que se iniciou a democratização do diálogo. Temas que nossos avôs e nossos pais não tinham coragem de abordar em família, tais como homossexualismo, aborto, pílula, camisinha, AIDS e morte, hoje invadem os lares através da televisão, dos jornais e revistas que circulam livremente entre adolescentes e meninos que ainda nem chegaram à puberdade. Essa invasão muitas vezes obriga os pais a anteciparem o diálogo sobre tais assuntos com seus filhos.  O que fazer?

Você não deve antecipar para seu filho temas para os quais ele ainda não esteja física ou emocionalmente amadurecido, a não ser que perceba que ele já foi iniciado, na escola ou na rua. Aí então você tem obrigação de ir em frente. Satisfaça a curiosidade dele. Aborde os assuntos de forma genérica, mas, também sem falsear a verdade. Não deixe nenhuma pergunta sem resposta, para que ele não vá buscar respostas alternativas na “escola” da rua. Nunca se escandalize com a precocidade espontaneidade ou com a ingenuidade de seu filho. Lembre-se de que ele não abordaria esses assuntos com você se já tivesse sido contaminado pela malícia que comanda a lógica dos adultos. Seja sincera e honesta com ele como ele é com você. Não minta para ele, não o engane, embora possa usar a metalinguagem própria do jargão infantil. Dizer, por exemplo, que Papai Noel existe, não é mentir nem enganar, porque ele realmente existe na imaginação da criança, onde está isento de qualquer conotação de má fé. Já ao falar da cegonha que traz o bebê no bico, você está simplesmente trapaceando, porque conta uma mentira para fugir à responsabilidade de explicar para seu filho o mistério da fecundação do óvulo e da concepção de um novo ser. Uma história que você, contaminada pela malícia própria do adulto, fica embaraçada para explicar.

O grau de aprofundamento da abordagem desses assuntos no diálogo com seu filho dependerá, portanto, da espontaneidade e da desenvoltura com que você se comportar. Se sentir dificuldades, peça ajuda a um educador ou psicólogo. Mas não se apavore. Esteja consciente de que vivemos todos uma época fascinante, onde acontecem as coisas mais fantásticas e inacreditáveis, inclusive, de repente, você constatar que seu filho sabe coisas que você nunca ouvira falar...

Mas até onde você vai acompanhar essa abertura sem correr o risco , isto é, criar crianças e adolescentes sem o mínimo sentimento de respeito para com seus semelhantes, sem nenhuma barreira capaz de contê-los, com alta dose de agressividade a ponto de só faltar bater nos mais velhos? Não será perigosa essa abertura? Como avaliar se estamos nos excedendo na dosagem de modernização? As mudanças sociais ocorrem tão bruscamente que nos deixam meio tontos. Mas essa dificuldade também resulta do fato de estarmos emocionalmente envolvidos na questão. É mais fácil dar palpite em assuntos que não nos afetam diretamente. Aí a análise pode ser feita com absoluta isenção. Já não ocorre o mesmo quando se trata de questões que dizem respeito diretamente a nós e a nossos filhos.

Há, porém, uma regra geral para estabelecer o limite do bom senso no relacionamento pais-filhos. Siga o lema daquele revolucionário: “É preciso ser duro, mas sem nunca perder a ternura” (Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás). Lembra-se? É preciso ser firme nas posições assumidas com seu filho, não ceder no essencial, mas também é necessário usar sempre a ternura do diálogo, para explicar nossas posições e negociar as concessões que fazemos. Sem que você perceba, ele está exercitando com você a luta pelo poder, em que ele testa para sentir até onde você está disposto a ceder. Não duvide da maestria com que ele manipula os instrumentos de exercício do poder. Se você bobear, quando espantar já foi vencido por ele.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário